Espero que esteja tudo bem.
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Espero que esteja tudo bem.
O vagabundo, um vagabundo pode provocar, agitação, onda, vaga, nesse caso seria mais apropriado chamar-lhe: "vagamundo".
Este é um livro de crónicas ou pequenos contos se preferirmos. Foram publicadas no jornal República em 1967 e 1968, embora só tenham sido reunidas em livro em 2001.
Manuel da Fonseca foi um "faz-tudo", estudante, escritor, desde muito cedo publicou em jornais a "um conto por conto", alentejano e citadino, homem da cultura, frequentou a Escola de Belas Artes e desportista, foi campeão de boxe.
Palavras como socos:
"Matar o tempo. E matá-lo bem morto. Não pensar. Não sentir. Matar a manhã. sair à pressa. Almoçar apressado. Dois dedos de conversa sobre o futebol."
Palavras que parecem poesia, são poesia:
"Há um momento em que o silêncio se adensa como se a cidade tivesse emudecido para sempre, no espanto e na solidão. O tempo pára misterioso e antigo, num sobrenadar de vagas, o mesmo profundo silêncio, a mesma esvaziada solidão. Séculos ou um instante apenas?"
Um bom livro lê-se num instante apenas e a memória dele perdura séculos.
Noutros tempos não havia "tempo" para comprar livros aos quadradinhos ou livros de cowboys. O tempo era contado (como o blog de Rentes de Carvalho) ainda assim dava para comprar "O Mosquito".
Foi n' "O Mosquito" que conheci autores como Pratt.
Nesta edição, n° 12, V série, Janeiro de 1986 [200$00] Manara escreve sobre Pratt:
"Podemos considerar Hugo Pratt uma espécie de Peter PAN, que engordou, envelheceu e que continua a sentir-se fascinado pelos mitos da sua juventude"
Não concordo com Manara, considero que Hugo continuou a voar e a fazer-nos voar até ao fim, até à última gaivota que desenhou, até à última palavra que escreveu.
A mestria de Pratt com as palavras é fascinante: "Passaram algumas horas mas a calmaria continuava. O Gladwin estava imóvel como um veleiro pintado num quadro". Já do traço, do desenho não podemos dizer o mesmo, Duke Crown podia ser Corto Malteses se tivesse um boné de marinheiro. Hugo desenha de forma simples, o que nem sempre é fácil e foca-se no texto, na mensagem, numa forma poética de transmitir ideias.
Quando era miúdo as histórias com desenhos enquadrados ou enrectângulados e com balões para as falas chamavam-se, simplesmente: "histórias aos quadradinhos" (quadrinhos do outro lado do Atlântico).
Não sei bem quando passaram a designar-se as mesmas histórias por banda desenhada, BD.
Agora passámos para o pomposo nome de novelas gráficas.
Quanto mais contemporânea é a designação mais o preço acompanha, essa colectânea do Peter Parker que está na imagem custa 150 euros, coisa pouca para quem guarda aos 75 000 em estantes, infelizmente, as minhas estantes só têm livros.
Arrumar é um conceito que cada um de nós interpreta de forma diferente.
Arrumar uma estante com livros é um outro nível deste conceito.
Onde arrumar um livro como o de José da Xã?
Por enquanto vai ficar junto aos "realistas" russos, afinal o livro fala-nos de proletariado, de trabalho.
Atrevo-me a perguntar aos dois ou três leitores que passam por aqui, o vosso ficou arrumado onde, qual a companhia?
Ler faz sono.
Gosto de livros.
Gosto de ir ao lançamento de livros, devia ser uma modalidade olímpica como o lançamento do dardo ou do peso.
Gosto de livros escritos por pessoas que conheço, gosto de lhes dar um abraço, gosto do ritual de estar na fila a folhear um livro, acabado de comprar, para ser autografado pelo autor.
Gosto de tudo isso mas, também, gosto de atenção.
Hoje teria de elaborar uma logística complicada para estar no lançamento de um livro (quem tem filhos pequenos, percebe). 16h00 é hora de sesta, depois lanche e chapinhar numa piscininha. Para um menino de dois anos não é fácil trocar esse programa pela "seca" de estar sentado numa sala a ouvir pessoas blá, blá, blá; blá, blá, blá.
Posto isto, deixei um comentário num texto dessa pessoa que referia o lançamento do livro, o local e hora, um comentário do género: "vou fazer os possíveis por ir, para comprar o livro, dar-te um abraço e tal".
Nem uma resposta, nem um "smile", nem um "gostava muito", nada. Ignorou-me completamente.
"Ai é?" pensei, "mais barato ficas".
Assim, perspectiva-se uma tarde com o melhor programa do mundo; brincar.
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