Estive em várias profissões, umas obrigado, o serviço militar obrigatório, outras prazerosas e bem remuneradas, técnico de prevenção de incêndios numa associação de empresas de celulose, vendedor de livros porta-a-porta, outras, apenas gratificantes, animador cultural para crianças no concelho de Constância, outras que me encheram a alma, apesar de não ser remunerado (era trabalho de voluntariado e não uma profissão, para sermos exactos) professor da universidade sénior no mesmo concelho, trabalho que me permitiu ser professor dos meus pais, será inédito?
Estive professor (remunerado) de português e francês do primeiro e segundo ano (após o ensino primário) quinto e sexto ano actual?
Estive bancário, a minha experiência mais longa, a melhor mas, também, a pior. Nunca me adequei às normas, aos benefícios, nunca "chulei" empréstimos com nivelamento bancário, dizia, na brincadeira, que era o único maquinista da CP que pagava as viagens próprias e da família.
Enfim, sempre actuei de acordo com a minha consciência.
Estive essas coisas todas, mas as diferentes profissões nunca foram a minha essência.
Nunca disse: "sou militar ou sou professor ou sou vendedor de livros (também fui ou melhor, também, estive operário numa fábrica de montagem de automóveis) ou sou bancário".
A profissão não nos define, estamos lá, damos o nosso melhor mas é o nosso trabalho, não é a nossa vida.
O meu trabalho, a minha profissão, é ser pai (folguei até aos cinquenta e tal deste trabalho desgastante) ser pai a tempo inteiro, sem folgas, sem feriados, sem fins-de-semana nem férias.