A recompensa, fruto do trabalho
"Enches a sala de cascas de pinhões, não podes ir ao supermercado e comprá-los, como as pessoas normais?"
Não gosto de ser normal, não gosto de normas, nem de padrões.
Gosto muito de ter sido pai com 52 anos, gosto que o meu miúdo tenha quase todas as minhas qualidades (que são poucas) e quase nenhum dos meus defeitos (que são muitos).
Infelizmente, na inocência, dos dois anos, acredita, tal como o palerma do pai, que a recompensa resulta do trabalho.
Adora sair com o pai, de manhã, adora deixar as pinhas a secar, adora apanhar os pinhões, sob a copa das pinheiras.
" 'tá qui um, papá" diz, com um sorriso que faz com que tudo valha a pena.
Gostamos de chegar a casa, cansados, felizes, com o nosso tesouro, num saco de papel.
Gostamos de partir os pinhões e saborear-lhes o interior, sabe-me, sabe-nos melhor, trabalhámos em conjunto para obter um resultado que, também, resulta numa recompensa que nos satisfaz a ambos.