Quem sou e o que faço aqui?

Com 53 anos não consigo responder a nenhuma destas questões.

Tenho a certeza que o meu filho, também, não.

No entanto, ele sabe que é uma pessoa autónoma, um ser humano, uma cria de ser humano, vá, com dezoito meses (bem berrados, bem chorados mas, também, bem sorridos e ridos) de vida.

Sabe-o quando identifica a própria imagem devolvida num qualquer suporte.

Aquele sou eu (pensa) enquanto grita, convictamente: ah bebé!

E quem és tu, filho?

Preferia beber uma cerveja com Kerry ou com Bush?

Com Hillary ou com Trump?

Com Trump ou com Biden?

Com Rangel ou com Rio?

Com Costa ou com Rio?

Os "beer test" são usados há décadas nos Estados Unidos.

Permitem ter a noção daquilo que um eleitor médio prefere.

Prefiro ter como primeiro ministro um gajo que toca bateria, é economista, gosta de provas automóveis e foi eleito presidente da câmara do Porto contra Pinto da Costa ou um senhor que está lá para Bruxelas, é advogado dos escritórios de elite e não tem nenhuma experiência em cargos de decisão excepto ter sido administrador do condomínio?

Tenho um amigo, ex-camarada de trabalho, cuja casa tem esta vista.

Linda vista, lindo pôr-do-sol, dir-me-ão.

Peço-lhes que imaginem a mesma vista mas sem os dois "lindos" edifícios da fundação Champalimaud que, infelizmente, não conseguiram arranjar nenhum outro terreno para construir a casa, as casas, na área metropolitana de Lisboa.

O único sítio que arranjaram foi ali, salvo melhor opinião, um local onde é mais do que proibida a construção.

O meu amigo,  em tempos, tinha uma linda vista para o Bugio, para a barra do Tejo, deliciava-se a ver os veleiros que entravam em Lisboa, agora vê os edifícios da Champalimaud e sonha (foi ele que me disse) que o aquecimento global e a subida das águas e não sei quê seja mesmo verdade.

Que a dita fundação para o "unknown' seja a primeira a trabalhar de uma forma até agora desconhecida, a fazer pesquisa debaixo de água.

Água mais ou menos salgada, conforme as marés.

"Diz-me com o que andas, dir-te-ei quem és".

Não tenho por hábito fazê-lo, calhou.

Tinha uma fotografia e queria escrever um texto para ela.

Escrevi um esboço e publiquei.

Achei piroso, muito nham, nham, nham, alterei tudo, incluindo o título e voltei a publicar.

Quando acabei tinha um comentário ao texto antigo e agora um destaque do "sapo blogs", ora aí está, mais valia ter estado quieto.

O meu obrigado à equipa que gere esta plataforma e aproveito para lhes dar os parabéns pelos 18 anos atingidos há poucos dias.

- Papá, a ba é o meó cá? (tradução: papá, o futebol é o melhor que existe?)

- Depende, filho, se cresceres e fores como o Messi, o Cristiano Ronaldo, o Guardiola ou o Rúben Amorim, sim.

- (acena com a cabeça para cima e para baixo)

- Sim, se fores como os que o papá disse. Para seres um Nélson Oliveira, um Mourinho ou um Jesus mais vale estudares, filho.

Todos os rios, mais tarde ou mais cedo, acabam no mar.

Alguns homens chegam a velhos, aqueles a quem as rugas dão sabedoria, outros não se apercebem do tempo que passa, conseguem aliar os defeitos da juventude à casmurrice acumulada ao longo dos anos.

Dos primeiros dizemos: "quando morre um velho é uma biblioteca que arde".

Dos segundos, usando a mesma analogia, diríamos que ardeu uma pilha de "Correios da Manhã".